Xixi no buraco (09/04/2010)
Na África, temos que aprender a viver sem luxo e vaidade. Nada de maquilagem. Não há espelho no meu quarto, nem no banheiro, o único que eu uso é o que trago comigo na bolsa. Aprendo a me ver bonita pelos olhos dos outros. Suamos muito e as peles ficam oleosas. O cabelo segue preso noite e dia. Chinelo é produto de primeira necessidade. Banho é essencial, e quando não pode ser de chuveiro, é de caneco. Água quente??? Não havia e não precisava, supérfluo. Papel higiênico não é algo muito freqüente. Algumas vezes, é difícil encontrar um vaso sanitário, é preciso fazer xixi no buraco no chão. Eu não sou boa de mira. Não nasci para fazer xixi no buraco.
O fogão do nosso “hotel” é elétrico e de duas bocas, um desses que as pessoas levam para acampar. O cozinheiro faz milagre cozinhando para tantos. É claro que tudo demora seu devido tempo. “No hurry in Africa” (sem correria em África) já dizia meu colega todas as vezes que nos sentávamos a esperar, lá sempre tínhamos que esperar.
O chão era vermelhão (o que não deixou minha mãe muito feliz quando viu minhas meias). A limpeza não era muita. Nada de variedades culinárias (ainda falarei sobre meu cardápio). Soube que mamão aqui é comida de porco e quase enfartei! Ontem, minhas colegas comeram um bolinho na feira. Eu não tive coragem. O cesto estava no chão, na beira da pista onde passavam os carros. Eu já não sabia se o marrom era a cor natural daquela comida, ou uma coloração artificial devido a poeira. Elas me disseram que estava bom e eu preferi acreditar sem experimentar. Talvez a poeira tenha sido o tempero. Independente de qualquer coisa, aqui, somos felizes! Eu quero ficar!
Desconfio que no dia 30 do diário, vou ler "adoro os bolinhos da beira da estrada"...kkk
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