Meu diário africano - parte 01


Um mês em Moçambique, mais de 3 semanas em Metangula, cidade ao norte do país. Uma experiência incrível. Coletei dados para minha tese do mestrado, entrevistei a população, os políticos, vivi e me senti como uma do local (se não fosse pela minha cor). Acreditava estar em casa, fui acolhida por todos como fruto da terra. Aqui, postarei o que escrevi nas poucas horas vagas que tive por lá, as impressões, reflexões e observações da minha fantástica viagem. Sei que não conseguirei demonstrar tudo, nenhuma palavra servirá para exprimir a grandeza da minha experiência. Depois de dias tão intensos, sinto um vazio na alma, caminho perdida pela casa, a procura de uma passagem secreta que me leve de volta.

Dia 01 de Abril (ainda no trem Aveiro-Lisboa, de onde sairia o avião com destino Amsterdã-Nairobi-Maputo)

Viajo para África! Sim, em algumas horas eu embarco. Tantas coisas fiz para chegar até lá e agora eu vou. Estou nervosa, confesso. Muitos foram meus erros, tomei decisões difíceis e perdi-me pelo caminho, mas ainda assim cheguei ao destino que sonhava.

Deus, eu cheguei! Bem, ainda irei embarcar. Roteiro? Espanha-Suécia-África. Meu mapa é original, por assim dizer. Mas independente da trajetória, consegui! Assim como um diferente caminho para as Índias levou ao conhecimento de um novo continente, eu percorri estranha trajetória para meu novo mundo.

Dia 02 de Abril

Pisei o chão de Nairobi (Kenia). Toquei o solo devagar e com o pé direito, respirei fundo e senti um cheiro de terra molhada. Deixei a chuva fina levar de mim todos os maus pensamentos. Saudei os primeiros raios de sol com um sorriso iluminado.

Dia 03 deAbril

Cheguei a Maputo ontem. Uma mala perdida, 4 bolhas no pé, goiaba e calor. Um céu cheinho de estrelas. Pobreza e sorrisos visíveis por todos os lados. Gente simpática, povo conversador. Embarco para Lichinga, norte do país. Continuo sem mala, prometeram-me entregar o mais breve possível. Comprei 3 calcinhas, duas camisetas e uma calça. Roupa suficiente para os próximos dias.

Dia 04 de Abril

Onde está o meu mamão? Já vi várias árvores pela rua, porém não encontrei ninguém vendendo. Tantas semelhanças com o Brasil, tanto colorido... e por falar em coisas em comum, vi uma barata, até parecia brasileira, mas eu corri tão rápido que não tive tempo de perguntar a sua nacionalidade, nem de pedir o seu passaporte. Algumas vezes, sinto-me em Cachoeira (interior da Bahia), no entanto, aqui ainda é mais pobre. Minha mala ainda não chegou. Quero minhas havaianas, meus pés não resistirão por muito tempo.

Fotos: Fabiana Massoquette

3 comentários:

  1. oba oba!!!!! Diário africano!!!! Tô gostando, quero mais!
    P.S. A foto da africana com o filho tá bela.

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  2. Eu postarei mais logo logo! As fotos sao bem coloridas, bem interessantes.

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  3. Fabi, tuas fotos são poemas em forma de imagem... perfeitas! Beijos
    Guilherme Vilela

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