Escrevo...


Por: Fabiana Massoquette

Escrevo o que penso, o que sinto, o que vejo

Escrevo também aquilo que almejo

Meu mais secreto desejo

Escrevo o que me falta

E o que me sobra

Escrevo aquilo que em mim transborda

Escrevo para curar-me

Escrevo para perdoar-me

Escrevo para adorar-te

Escrevo para devorar cada novo amanhecer

Eu escrevo para não enlouquecer

Pois minhas palavras gritam, suplicam e explodem

E o meu mundo elas sacodem

Falando o que não posso dizer

O que devo esquecer

Matando-me sem deixar-me morrer

Revivendo-me sem que eu tenha que renascer

Assim mantenho a pose

E pareço normal mesmo em close

Já que ninguém sabe o que aqui dentro passa

E eu, com minha máscara,

Brinco entre jogos e trapaças

4 comentários:

  1. Leio o seu poema e percebo o quanto o seu “nous” está ativo. É a sua atividade intelectual em oposição aos seus sentidos materiais processando esta informação (sentimentos) que sua alma trás desde tempos idos. Dito de outro modo, uniformizando o tempo em que você, hoje, escreve.
    O “nous”, a nossa parte racional e imortal da alma, como Platão definiu, é o pensamento divino e atemporal, por isto você escreve o que pensa, o que sente e o que vê, mas também o seu mais secreto desejo. Ou seja, as grandes verdades e conclusões que emergem sem a necessidade de linguagem e premissas preliminares, por isto você parece normal mesmo em close.
    Mais do que isto: você ainda escreve o que em si transborda, o faz porque cura-lhe e também porque a conduz a ser indulgente consigo própria. Na opinião de Aristóteles você está passando a sua vida em revista, e é por isto que seus poemas exprimem a razão do seu viver, do seu reviver sem ter que renascer. De ir em busca do novo você escreve porque as palavras gritam em seu âmago, suplicam explodindo o seu universo para ganhar o mundo que ainda não você não conhece, mas ele (o mundo) também não a conhece. E neste contexto podemos voltar a Aristóteles e repetir a sua frase imortal: “A palavra é o fio de ouro do pensamento”, por isto você escreve!

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  2. Olá Fabiana.
    Li o teu diário africano e gostaria de trocar umas impressões contigo sobre Metangula e o Lago Niassa.
    Se leres este comentário, por favor, envia-me uma mensagem por e.mail para «manaliva@gmail.com»
    Beijo

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