Na beira da estrada


Por: Fabiana Massoquette


Luzes no cais

Não afastam o perigo

Dos temporais

Fantasmas caminham pelos umbrais

E riem dos meus medos

Brincando com meus segredos

Acho que jamais

terei paz como outrora

Tudo me devora

Já nem consigo ver a aurora

do meu mundo que se refaz

Eu faço rimas,

Perco-me em paradigmas

Encontro-me em cada esquina

Assim, monossílaba!

Sinto minha vida parada

Vejo-me ali, sentada

a beira da estrada

sei que pareço desesperada

com um sorriso sem graça

e uma calça surrada

Esperando meu trem chegar

Para eu embarcar

Em um novo caminhar

Cansei de estradas incertas

Quero uma linha reta

Sem surpresas a cada passo

Preciso de alguém que não me tire sarro

Nem ria das minhas escolhas equivocadas,

das minhas inúmeras mancadas,

das minhas poesias falhadas,

das minhas idéias desengonçadas

da minha vida desgovernada

A agonia me consome

A esperança me escapole

E o dia, meio que some

Em tempestade de dúvida

Que nubla e faz pesar o ar

Mas eu não tenho culpa

De querer ver minha vida engrenar

E dar lugar a novos ventos

Que mudem meus pensamentos

E os móveis da minha sala de estar

Não quero me contentar com migalhas

Mas não vou puxar a navalha

Vim buscar o que mereço

Carreira, amor e endereço

Mas não pagarei qualquer preço

Pois reconheço

Que o que acalma a minha alma

É a alegria de deitar,

De sonhar,

Sem ter que brigar

Sem sentir, nem causar, qualquer mal-estar

3 comentários:

  1. Ora, ora ... era sobre isto que estávamos conversando ontem: Esperando meu trem chegar/ Para eu embarcar/Em um novo caminhar/Cansei de estradas incertas. Uma psicológa adoraria ler isto, é pura revelação: Quero uma linha reta/ Sem surpresas a cada passo/ Preciso de alguém que não me tire sarro/ Nem ria das minhas escolhas equivocadas. Ou seja, você está clareando os seus sentimentos, é isto, você está traçando as suas metas, revela-se muito, eu adoro este seu comportamento, vejo seu poema como uma declaração pessoal. Mas eu não tenho culpa/ De querer ver minha vida engrenar /E dar lugar a novos ventos /Que mudem meus pensamentos. É o máximo. Que venham novos ventos!!!! Realmente fantástico, acertiva, cheia de força e coragem. Daquilo que te conheço, você é isto: "Não quero me contentar com migalhas" - Vim buscar o que mereço (e por não querer qualquer coisa, busca o melhor caminho hoje, para que amanhã seja de mais alegria). Carreira, amor e endereço/ Mas não pagarei qualquer preço - ou seja, o preço é a verdade, o amor, o prazer, a felicidade! Ah! outra coisa, gostei mais desta imagem. Beijinhos

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  2. Fabi, esse é um dos teus poemas mais bonitos.

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  3. Obrigada Sabri! Que bom ter vc de volta no blog! Eu preciso voltar a escrever! Beijos!

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