meu lugar


Por: Fabiana Massoquette

Quero sementes mágicas

E terra adubada

Para poder plantar meu futuro

Quero jardins de prosperidade

Árvores floridas de felicidade

Que cresçam além desse muro

Quero ver o sol

Em pescaria, lançar meu anzol

Até penetrar, sem medo, o abismo escuro

Quero colher frutos de amor

Arrancar ervas daninha de dor

Limpar, semear meu lugar

Antes da chuva chegar,

Entre abril e julho

Quero plantações de esperança

Sentir na face, a brisa da bonança

E que nas janelas de minh’alma

Eu vislumbre a calma

Enxergando sempre a estrela Dalva

Luz a me guiar

Busco a alegria de cada despertar

Ao saber que tudo ocupa seu lugar

Almejo construir meu paraíso

Sentir-me em casa, é o que preciso

Aqui ou ali, não importa

Pois meu futuro voa

Mesmo tendo uma asa torta

Sei que continuo escondida

Atrás da porta

Mas, faço valer o que importa

Aprendi, depois de tanto tempo,

Que posso ser como o vento

Seguindo com desprendimento

Parando quando dá vontade

Voando leve,

Desfazendo-me da saudade

E de qualquer contratempo

Porque meu mundo, de verdade,

Não está lá fora,

Mas aqui dentro


Na beira da estrada


Por: Fabiana Massoquette


Luzes no cais

Não afastam o perigo

Dos temporais

Fantasmas caminham pelos umbrais

E riem dos meus medos

Brincando com meus segredos

Acho que jamais

terei paz como outrora

Tudo me devora

Já nem consigo ver a aurora

do meu mundo que se refaz

Eu faço rimas,

Perco-me em paradigmas

Encontro-me em cada esquina

Assim, monossílaba!

Sinto minha vida parada

Vejo-me ali, sentada

a beira da estrada

sei que pareço desesperada

com um sorriso sem graça

e uma calça surrada

Esperando meu trem chegar

Para eu embarcar

Em um novo caminhar

Cansei de estradas incertas

Quero uma linha reta

Sem surpresas a cada passo

Preciso de alguém que não me tire sarro

Nem ria das minhas escolhas equivocadas,

das minhas inúmeras mancadas,

das minhas poesias falhadas,

das minhas idéias desengonçadas

da minha vida desgovernada

A agonia me consome

A esperança me escapole

E o dia, meio que some

Em tempestade de dúvida

Que nubla e faz pesar o ar

Mas eu não tenho culpa

De querer ver minha vida engrenar

E dar lugar a novos ventos

Que mudem meus pensamentos

E os móveis da minha sala de estar

Não quero me contentar com migalhas

Mas não vou puxar a navalha

Vim buscar o que mereço

Carreira, amor e endereço

Mas não pagarei qualquer preço

Pois reconheço

Que o que acalma a minha alma

É a alegria de deitar,

De sonhar,

Sem ter que brigar

Sem sentir, nem causar, qualquer mal-estar

Choro a chuva


Por: Fabiana Massoquette


Hoje, eu choro a chuva

Que chove na janela

Sou cada gota que molha a grama

E cai na terra

Sou borboleta que zanzando erra

Caminho de voltar

Abelha com pólen

Sem saber onde semear

Porém, agora faço promessa

E juro

Que outra vez, não fujo

Quando o amor me encontrar

Universo, traz pra mim

Amor sem fim e os seus segredos

Prometo não usá-lo mais como brinquedo

Pois a idade me fez mudar

E ver tudo diferente

E eu prometo que, daqui pra frente,

Nada mais quero que desvendar

No olhar

A música secreta que toca em seu coração

Deixa-me cantarolar baixinho

Aquela canção

Que faz seu corpo estremecer

Mansinho de emoção

Deixa-me, em seus braços,

Tecer nossa conexão

E, subitamente, desaguar

Enternecida de paixão