
Por: Fabiana Massoquette
Confuso, desconexo
Hoje, sinto-me ao reverso
Eu te amo
Mas é só em teu universo
Perdido, deixo meu corpo
Em teu corpo impresso
Aqui, o tempo passa
O que vivo soa trapaça
Porque lá fora a realidade
É sem graça
O mundo indiferente segue
Mesmo que eu negue
Ainda que parado eu fique
Para que eu não me revele
E ninguém desvele
O que tenho como certo
Meu eu mais concreto
E, nós voltamos ao quarto
Eu dou início ao ato
Em que crio um elo
Fazendo cruzar
Meu meridiano
Ao teu paralelo
Inventado minha cartografia, navego
Com meu caleidoscópio, observo
E em terreno submerso
Eu te peço
Favor não vide o (meu) verso
Porque minhas idéias... algo incerto
Mas, aqui, tudo é indubitável
Nosso amor, inefável
Teu sentimento, inquestionável
Mas ao cruzar a fronteira
Sinto-me sem eira, nem beira
Desato laços de ternura
É algo de poeira que chega e nubla
Meu olhar turva
E eu nem sei porque.
O que posso dizer quando neste poema encontro tantos mundos. Como no universo há muitos mundo, sim é verdade, o seu é um universo elegante.
ResponderExcluirTodavia, a sua aflição, tal como a de Einstein, parece-me a procura de uma teoria única, na qual incluiria todas as leis do universo. Verso a verso, observo em seu âmago, a procura deste Graal científico, cujo desejo, as suas equações, em forma de verso, confirmem a teoria do todo. Do mesmo modo que é incompatível a teoria do infinitamente grande e a do infinitamente pequeno você quer “cruzar Meu meridiano / Ao teu paralelo”. Exatamente como Einstein você encontra-se sozinha na sua procura – “Para que eu não me revele / E ninguém desvele / O que tenho como certo / Meu eu mais concreto”.
Outra observação é que você não tem legado o seu sonho, o de encontrar a teoria do todo. Por isso você está inventando as sua cartografia e navegando com o seu caleidoscópio, e, então é possível que você depare-se com a teoria das cordas uma vez que a poesia, como a música, vibra na mesma intensidade. O universo é composto de minúsculos fios de energia com oscilações semelhantes às das cordas. Porquanto cada verso seu vibra, (como a corda) de maneiras diferentes, - Eu te amo / Mas é só em teu universo –, transformando o seu universo numa formidável sinfonia cósmica.
No contexto da sua poesia – desconexo – quando você sente-se sem eira, nem beira, reconcilia as duas teorias precedentes, a do microcosmo e a do macrocosmo porque “aqui, tudo é indubitável / Nosso amor, inefável / Teu sentimento, inquestionável”.
No final volto para a música de Caetano, e pergunto-me “Que mistério tem Clarice pra guardar-se assim tão firme, no coração”.
Adorei seu comentário e as inúmeras comparações positivas! A sua crítica levanta qualquer poeminha medíocre, não que o meu seja ruim, mas é que sua análise talvez tenha sido mais profunda do que o que escrevi. Olhando por outro ângulo, acho que o que importa é o que minhas palavras despertam nos outros, se elas provocam esses sentimentos e sensações em você, então está perfeito! Ah, adorei a parte que lhe lembra a música de Clarisse. A última frase da sua crítica, definitivamente, resume bem a minha poesia. Obrigada por ser minha seguidora e adoro suas críticas! Beijos!
ResponderExcluirlindo poema, Fabi, como todos. beijos.
ResponderExcluirObrigada, Sabri! Beijos!
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