Poesia


Por: Fabiana Massoquette

Onde adormece a melodia?

Já não sei fazer poesia!

Roubaram a graça das minhas palavras

Sumiram com minhas metáforas

Não encontro nem a gramática

Falta-me harmonia!

Apóio-me em rimas fácies

Em risadas frágeis

Em idéias planas

Que não enganam

Nem a mim, nem a ninguém

Uso frases repetidas

Recorro a fórmulas batidas

A temas desprovidos de novidades

Falta paixão, falta-me arte!

Porque para criar, é preciso amar

Arder, vibrar em cada respirar

Ao escrever cada "a"

O que fazer se já não sinto o peito arfar

Nem o coração acelerar

Enquanto a burocracia me consome

A poesia morre de fome

Falta-lhe jeito

Falta-me criatividade

Talvez sejam coisas que se vão com a idade

Voltando para você

Por: Fabiana Massoquette

Fale-me um pouco mais de você

Deixe-se transparecer

E mesmo que eu não queira ver

Tome minha mão

Leve-me pelas ruas vazias

onde sempre estive

durante minha vida vadia

Mostre-me o momento

Quero ver meu crescimento

por seus olhos cor de mar

Deixe eu me conhecer por seu olhar

Em cada piscada que me dá

Abrace-me devagar

Faça o tempo parar!

Quero que comigo faça...

Que refaça-me como desejar

Posso, outra vez,

Deixar você imaginar

Que um dia cruzei a linha

Do nosso horizonte

E saí a navegar

Posso, outra vez,

Deixar você imaginar

Que agora tudo será diferente

Que eu irei me entregar

Aqui, ficar

Que esse é meu lugar

Abrace-me devagar

Faça o tempo parar

Já não importa se está tudo de pernas para o ar

Leve-me de mãos dadas pelas ruas onde andei

Mostre-me como se fosse a primeira vez

Leve-me pelos caminhos que sempre cruzei

Leve-me até o lugar onde guardei

O amor que um dia jurei

Ser seu e de mais ninguém!

Para Karina

Por: Fabiana Massoquette

Quanto vale uma vida?
Um suspiro?
Uma maçã mordida?

De que serve o lamento?
Ele não alivia nada
Só traz mais tormento

E se déssemos mais risadas?
E se nos divertíssemos
Até das próprias trapalhadas

Então, onde se esconderia a dor?
Em que cidade?
Em que lugar?

Onde iriam parar os maus pensamentos?
Talvez na terra do esquecimento!

E se a dor tem rosto e tem nome
Alguém que foi antes do tempo
Criança em sofrimento
Injustiça, guerra
Bala perdida, tormento, treva...

É tão difícil respirar
Eu nem sei o que falar
Pareço soltar palavras ao azar

Mas nada disso concerta o mundo
Nem destrói a dor que dói bem lá no fundo

E eu, que pensava saber me expressar
Hoje, vazia estava
Não me restava palavra
Nem mesmo no olhar

Desculpa, por não saber consolar
Mas quando a dor é grande
O jeito é o tempo
Que embaça a lembrança
Que parece embalar a criança
Que não cessa de chorar

Ao menos saibas que podes contar comigo
Aqui, tens um ombro amigo
E um abraço apertado

Mesmo sabendo que isso não cura o luto
Eu prometo que ajusto
Alargo meu carinho
Pois nunca te deixarei sozinho
Esquecido em tua dor.