A noite

Foto: Coffe for Mister Klimt Por: Floriana Barbu

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Texto: Fabiana Massoquette


Á noite, meus fantasmas se libertam

Arrastam correntes e

Abrem os quartos da solidão

Remexendo memórias

Á noite, a mulher que me habita é outra

Eu posso ler estrelas e

As linhas da sua mão

Á noite, eu sei ser frágil e romântica

Sei ser sexy

Á noite, posso filosofar em alemão

A noite me possui e me consome

Abre portas secretas

Eu a temo

E amo

Desejo-a,

Mas escondo-me

Durmo

Perco-me em sonhos

Porque sou caixa de Pandora

E guardo dentro de mim meu maior triunfo

E meu pior pesadelo.

Mosaico de inspirações

Por: Fabiana Massoquette


Eu matei Sabina

Cansei de sua vida descabida

Dourei de Cayme meus dias

Assim, Djavaneando maresia, encontraste-me

Eu, displicentemente, Caetaniei em seu ouvido

Em Tom de “Lis”

E tu, para encantar-me

Roubaste versos ao Poetinha

E despertaste em mim grande Pessoa

Hoje, para que a felicidade não doa

Acendo vela para Santana

E outra para seu Chico

E aqui, neste mesmo recinto

Aproveito noites de luar

Deixo Al Jarreau a nos ninar

Enquanto acendo estrelas em teu olhar

Como “Sinatra” nunca fosse acabar


Esta poesia não tem grandes pretensões, foi apenas uma brincadeira citando músicos e poetas que gosto tanto: Joaquin Sabina, Dorival Cayme, Djavan, Caetano Veloso, Tom Jobim, Elis Regina, Vinicius de Moraes (o poetinha), Fernando Pessoa, Carlos Santana, Chico Buarque, Al Jarreau e Frank Sinatra.

Mudando o tom

Pintura: William-Adolphe Bouguereau

Texto: Fabiana Massoquette


Pela tua boca aprendi as mentiras mais doces

Entre os teus dedos, a tortura mais suave

No teu olhar lembrei-me do que era esquecimento

Deste-me o calor necessário para esfriar um coração


Depois de ti transformei-me em reticências

Só a essência do que fui um dia

Feita de fumaça e encanto, eu seguia

Ninguém me detinha

Eu não me agarrava, fugia!


Migalhas canalhas

A noite atrapalha a minha lucidez


Passei a oferecer o que me ensinaste

Sorrisos, carinhos, ternura

Porém, nada além de aventuras

Divertido, confesso!

Sim, eu fiz sucesso!

Eu melhorei a tua arte

Mas agora, quero mais!


Estou cansada de loucuras

De pessoas com verdades obscuras

Procuro conhecer tudo mais de perto

Descobrir cada universo

Criar elo, ligação

Romper o medo de construir uma relação

Porém todos parecem assustados

O que eu fiz de errado?


É o momento de fazer tudo diferente

Eu mudei, sinto que cresci

Amadureci, aprendi!


Agora sim é hora de abrir-me para o mundo

Mas não deixarei entrar qualquer moribundo

Só aquele de amor sincero

Que me queira com devoção

Mereço mais que mera paixão

A vida e o tempo

Quadro de Gustav Klint
Poesia de Viviane Posé (retirada do livro Pensamento do chão)

acho que a vida anda passando a mão em mim
a vida anda passando a mão em mim
acho que a vida anda passando
a vida anda passando
acho que a vida anda
a vida anda em mim
acho que há vida em mim
a vida em mim anda passando
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

Por fazer/ Por hacer

Por Fabiana Massoquette

Tantas coisas por fazer
Livros na estante a olharem para mim
Músicas por ouvir
Metas por cumprir
E eu sigo aqui!
Algumas vezes, sou vendaval de emoção
Outras, poesia e canção
Adio planos e me engano...
Anoiteço paixão
Acordo desilusão
Tudo me revira por dentro:
Suspiros, palavras, momentos
Coleciono lembranças
Histórias de velhas vitórias
Será medo de escrever nova trajetória?
Mas tudo chega ao fim
Sedução em noites de botequim.


Por: Fabiana Massoquette

Tantas cosas por hacer
En la estantería, libros por leer
Canciones por escuchar
Retos por realizar
¡Y yo sigo aquí!
Postergo planes y me engaño…
Anochezco pasión
Amanezco desilusión
Todo me revira por dentro
Suspiros, palabras, momentos
Colecciono cuentos
Recuerdos de antiguas victorias
¿Será miedo de escribir mi nueva historia?
Pero todo tiene su momento
¡No más tantos argumentos!