Cinza

Os dias passam. No céu apenas a alteração de tonalidades de cinza. Tudo pesa: as nuvens, o ar e eu, porém tenho a sensação que nem tudo passa e chega ao fim.

A neve teima em cair e o sol em não chegar. O pensamento de que o inferno é branco não sai da minha cabeça. Algumas vezes, tenho a sensação que vão esquecer-se de amanhecer o dia e ficarei presa no meio da escuridão e do frio, numa imensidão de cinza escuro, quase preto...quase branco!

Hoje, é segunda-feira e eu tenho TPM. Tudo parece ainda mais triste. A aula sobre crise financeira quase me faz chorar.

As palavras não chegam aos meus dedos, nem a voz a minha boca. Tranco-me para fugir, mas o nada e o vazio não conhecem barreiras e me descobrem aqui, sozinha e em silêncio.

As paredes brancas também me afogam em um mar descolorido. Meus quadros de mil cores se caem a cada instante, parecem atirar-se por vontade própria em tentativa de suicídio.

Será que Deus usou todas as suas tintas no lugar de onde eu vim?

Deixei tudo o que amava para testar meus limites e agora sei que ele termina em um longo inverno, em um país chamado Suécia.

Texto: Fabiana Massoquette

Foto: Fábio Bittencourt

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