Menina amarela


Por: Fabiana Massoquette

Eu sei que sou aquela

A quem desenhou com aquarela

Sei que sou a menina amarela

No canto da sua página lilás

Hoje, ao despertar

Vi que havia lá

Uma flor de maracujá

Coloquei no meu cabelo

E, ao olhar no espelho

Reparei que no meu tornozelo

Ainda estava o laço

E também um pedaço

De uma canção que

Você escreverá pra mim

Eu fechei os olhos,

Sorri, lembrando do que vivi

Da noite que quase não chegou ao fim

Hoje, fingi que lhe esqueci!

Mas com seu sorriso adormeci

Não, eu não me aborreci

Fiz dengo só pra matar o tempo

Para ver você ficar com dó de mim

E, para me redimir

Amanhã, pintarei nossos nomes no cais

E penso em publicá-los nos jornais

Para o mundo saber que

Nosso amor não são só frases banais

Ditas ao pé do ouvido

Entre coqueirais

Eu também vejo a Tabacaria


Por: Fabiana Massoquette


Carrego por dentro,

mais de mil argumentos

Trago pregada a alma, a felicidade

e um gostinho de saudade

que não me deixa esquecer quem sou,

nem o que vivi

Brotam em meu peito, sem jeito,

todos os sonhos do mundo

Tal como Pessoa

que com sua poesia

chega e atordoa

letras, melodias, pensamentos

vendaval de sentimentos

revirando tudo por dentro

Turbilhão!

Vastidão!

Tenho no íntimo,

um gostinho de infinito

algo maior que o mundo

grande, como noite de luar

Carrego em mim muitas histórias,

feitas de ouro e glória

Sou como os loucos que ignoram

impossibilidade de sonhar

Mas quando me ponho a chorar

Nossa, veja lá!

É tanta lágrima

que dá para inundar

da Bahia ao Paraná

Trago por dentro

malas cheias de certezas

olhos brilhantes de esperteza,

sabedoria que do meu ouvido escorrem

e pelos meus dedos correm

enchendo-me o peito de sonhos, filosofias e humanidades

invadindo-me de claridade

sentimentos que chegam sem se esgotar

Como o chocolate da verdade

Sou aquela que ri

Brincando entre a lucidez e a realidade

Olhando pela janela de Caeiro

A Tabacaria que ainda está lá